Por Max Lucado
O dono de uma livraria uma vez me contou sobre uma senhora muito irritada que entrou em sua loja, com passos fortes, carregando um livro meu intitulado Deus chegou mais perto (Editora Vida Cristã). Ela bateu o livro com toda força no balcão, disse umas poucas e boas sobre ele e depois gritou para que todo mundo nas proximidades ouvisse: "Meu Deus não tinha espinhas!"
Eu sei o parágrafo que fez com que saísse faísca da caixa de alta tensão em que ela se transformara:
Jesus talvez tenha tido espinhas. Ele, quem sabe, não tinha boa voz. Uma garota da mesma rua pode ter-se interessado por ele e vice-versa. É possível que seus joelhos fossem ossudos. Uma coisa é certa: Embora completamente divino, Ele era completa-mente humano.[1]
Entendo por que a mulher se irou. Posso entender seu desconforto. Sempre consertamos o rachado no vitral colorido, ou limpamos qualquer sujeira do altar. Há algo de seguro num Deus que nunca teve calos. Há algo de maravilhoso sobre um Deus que nunca sentiu dor. Há algo de majestoso num Deus que nunca ralou seu cotovelo.
Todavia, há algo de frio sobre um Deus que não pode compreender o que você e eu sentimos.
Se eu tivesse um instante com aquela senhora, perguntaria a ela o seguinte: "Jesus pode não ter tido espinhas, mas a senhora não queria que ele tivesse?"
Cada página dos evangelhos nos leva de volta a este princípio crucial: Deus sabe o que você está sentindo. Do funeral à fábrica, à frustração de uma agenda exigente. Jesus entende. Quando você diz a Deus que chegou no seu limite, ele sabe o que quer dizer. Quando balança a cabeça diante de prazos impossíveis, ele balança também. Quando seus planos são interrompidos por pessoas que têm outros planos, ele sente a mesma coisa. Ele esta lá e sabe como você se sente.
Antes de resumir nossa história desse dia estressante na vida de Jesus, deixe-me levar você para um outro dia, ainda mais recente.
Dia 15 de fevereiro de 1921, em Nova York, numa sala de cirurgia do Hospital Kane Summit, um médico estava executando uma apendicectomia.
Muitas vezes, os eventos que levam a uma cirurgia são rotineiros; o paciente reclama de dores abdominais agudas, o diagnóstico mostra claramente uma inflamação no apêndice. O médico Evan O'Neill Kane estava liderando essa cirurgia. Em sua distinta carreira médica de 37 anos, já tinha realizado quase 4 mil apendicectomias; por conseguinte, essa cirurgia seria mais uma rotineira, exceto por dois motivos.
A primeira novidade dessa operação? O uso de anestesia local na cirurgia principal. O doutor Kane era um combatente dos riscos da anestesia geral. Ele argumentava que uma aplicação local era mais segura. Muitos dos seus colegas concordavam com ele, a princípio, mas para concordarem na prática, teriam de ver a teoria sendo aplicada.
Dr. Kane estava a procura de um voluntário, um paciente que queria se submeter a uma cirurgia sob os efeitos de anestesia local. Não foi fácil encontrar um voluntário; muitas pessoas tremiam só de pensar que estariam conscientes durante a cirurgia. Outras tinham medo de que o efeito da anestesia terminasse logo.
Finalmente, apesar de tudo, Dr. Kane encontrou um candidato. Na terça-feira de manhã, 15 de fevereiro, a histórica operação aconteceu.
O paciente fora preparado e já colocado na sala de operações. Uma anestesia local fora aplicada. Do mesmo modo como já tinha feito milhares de vezes, Dr. Kane cortou os tecidos superficiais e localizou o apêndice, habilidosamente removeu o apêndice e concluiu a cirurgia. Durante o procedimento, o paciente reclamou apenas de desconfortos mínimos.
O voluntário foi levado para o pós-operatório e colocado sob cuidado hospitalar. Ele se recuperou rapidamente e foi dispensado dois dias depois.
Dr. Kane provou sua teoria. Graças à disposição de um voluntário corajoso, Kane demonstrou que a anestesia local era uma alternativa viável e até preferível.
No entanto, eu disse que havia dois fatos que diferenciaram essa cirurgia. Disse que a primeira foi o uso da anestesia local. A segunda foi o paciente: o candidato corajoso para a cirurgia do Dr. Kane foi o próprio Dr. Kane.
Para provar que estava certo, Dr. Kane operou a si mesmo![2]
Sábia decisão. O médico se tornou o paciente de modo a convencer outros pacientes a acreditarem no médico.
Compartilhei essa história com vários profissionais da saúde. Cada um me deu uma resposta: sobrancelhas altas, sorrisos suspeitos e palavras duvidosas: "Não dá para acreditar!"
Talvez não dê mesmo. Mas a história do médico que se tornou seu próprio paciente é poucas vezes comparada com a história do Deus que se tornou humano. Mas Jesus assim o fez para que acreditássemos que o Médico dos médicos sabe dos nossos sofrimentos; ele voluntariamente se tornou um de nós. Ele se colocou em nosso lugar e sofreu nossas dores e medos.
Rejeição? Ele a sentiu. Tentação? Também sabe do que se trata. Solidão? Ele também a experimentou. Morte? Provou dela.
Rejeição? Ele a sentiu. Tentação? Também sabe do que se trata. Solidão? Ele também a experimentou. Morte? Provou dela.
E pressão? Poderia escrever um livro de sucesso sobre o assunto.
Por que fez isso? Por uma única razão: para que quando você sofresse, fosse até ele, seu pai e seu médico, e ele o curasse.
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O dono de uma livraria uma vez me contou sobre uma senhora muito irritada que entrou em sua loja, com passos fortes, carregando um livro meu intitulado Deus chegou mais perto (Editora Vida Cristã). Ela bateu o livro com toda força no balcão, disse umas poucas e boas sobre ele e depois gritou para que todo mundo nas proximidades ouvisse: "Meu Deus não tinha espinhas!"
Eu sei o parágrafo que fez com que saísse faísca da caixa de alta tensão em que ela se transformara:
Jesus talvez tenha tido espinhas. Ele, quem sabe, não tinha boa voz. Uma garota da mesma rua pode ter-se interessado por ele e vice-versa. É possível que seus joelhos fossem ossudos. Uma coisa é certa: Embora completamente divino, Ele era completa-mente humano.[1]
Entendo por que a mulher se irou. Posso entender seu desconforto. Sempre consertamos o rachado no vitral colorido, ou limpamos qualquer sujeira do altar. Há algo de seguro num Deus que nunca teve calos. Há algo de maravilhoso sobre um Deus que nunca sentiu dor. Há algo de majestoso num Deus que nunca ralou seu cotovelo.
Todavia, há algo de frio sobre um Deus que não pode compreender o que você e eu sentimos.
Se eu tivesse um instante com aquela senhora, perguntaria a ela o seguinte: "Jesus pode não ter tido espinhas, mas a senhora não queria que ele tivesse?"
Cada página dos evangelhos nos leva de volta a este princípio crucial: Deus sabe o que você está sentindo. Do funeral à fábrica, à frustração de uma agenda exigente. Jesus entende. Quando você diz a Deus que chegou no seu limite, ele sabe o que quer dizer. Quando balança a cabeça diante de prazos impossíveis, ele balança também. Quando seus planos são interrompidos por pessoas que têm outros planos, ele sente a mesma coisa. Ele esta lá e sabe como você se sente.
Antes de resumir nossa história desse dia estressante na vida de Jesus, deixe-me levar você para um outro dia, ainda mais recente.
Dia 15 de fevereiro de 1921, em Nova York, numa sala de cirurgia do Hospital Kane Summit, um médico estava executando uma apendicectomia.
Muitas vezes, os eventos que levam a uma cirurgia são rotineiros; o paciente reclama de dores abdominais agudas, o diagnóstico mostra claramente uma inflamação no apêndice. O médico Evan O'Neill Kane estava liderando essa cirurgia. Em sua distinta carreira médica de 37 anos, já tinha realizado quase 4 mil apendicectomias; por conseguinte, essa cirurgia seria mais uma rotineira, exceto por dois motivos.
A primeira novidade dessa operação? O uso de anestesia local na cirurgia principal. O doutor Kane era um combatente dos riscos da anestesia geral. Ele argumentava que uma aplicação local era mais segura. Muitos dos seus colegas concordavam com ele, a princípio, mas para concordarem na prática, teriam de ver a teoria sendo aplicada.
Dr. Kane estava a procura de um voluntário, um paciente que queria se submeter a uma cirurgia sob os efeitos de anestesia local. Não foi fácil encontrar um voluntário; muitas pessoas tremiam só de pensar que estariam conscientes durante a cirurgia. Outras tinham medo de que o efeito da anestesia terminasse logo.
Finalmente, apesar de tudo, Dr. Kane encontrou um candidato. Na terça-feira de manhã, 15 de fevereiro, a histórica operação aconteceu.
O paciente fora preparado e já colocado na sala de operações. Uma anestesia local fora aplicada. Do mesmo modo como já tinha feito milhares de vezes, Dr. Kane cortou os tecidos superficiais e localizou o apêndice, habilidosamente removeu o apêndice e concluiu a cirurgia. Durante o procedimento, o paciente reclamou apenas de desconfortos mínimos.
O voluntário foi levado para o pós-operatório e colocado sob cuidado hospitalar. Ele se recuperou rapidamente e foi dispensado dois dias depois.
Dr. Kane provou sua teoria. Graças à disposição de um voluntário corajoso, Kane demonstrou que a anestesia local era uma alternativa viável e até preferível.
No entanto, eu disse que havia dois fatos que diferenciaram essa cirurgia. Disse que a primeira foi o uso da anestesia local. A segunda foi o paciente: o candidato corajoso para a cirurgia do Dr. Kane foi o próprio Dr. Kane.
Para provar que estava certo, Dr. Kane operou a si mesmo![2]
Sábia decisão. O médico se tornou o paciente de modo a convencer outros pacientes a acreditarem no médico.
Compartilhei essa história com vários profissionais da saúde. Cada um me deu uma resposta: sobrancelhas altas, sorrisos suspeitos e palavras duvidosas: "Não dá para acreditar!"
Talvez não dê mesmo. Mas a história do médico que se tornou seu próprio paciente é poucas vezes comparada com a história do Deus que se tornou humano. Mas Jesus assim o fez para que acreditássemos que o Médico dos médicos sabe dos nossos sofrimentos; ele voluntariamente se tornou um de nós. Ele se colocou em nosso lugar e sofreu nossas dores e medos.
Rejeição? Ele a sentiu. Tentação? Também sabe do que se trata. Solidão? Ele também a experimentou. Morte? Provou dela.
Rejeição? Ele a sentiu. Tentação? Também sabe do que se trata. Solidão? Ele também a experimentou. Morte? Provou dela.
E pressão? Poderia escrever um livro de sucesso sobre o assunto.
Por que fez isso? Por uma única razão: para que quando você sofresse, fosse até ele, seu pai e seu médico, e ele o curasse.