Os pioneiros das Igrejas Evangélicas Irmãos Menonitas no Brasil vieram da Rússia. Dia 25 de novembro comemoramos a saída deles daquele país, no qual não tinham mais liberdade religiosa. Leiam uma história que aconteceu naquele país muitos anos depois. O Natal de 1994 estava se aproximando. As crianças do orfanato russo em que estávamos dando aulas, iriam ouvir, pela primeira vez em suas vidas, a história do nascimento de Cristo. Nós lhes contamos sobre Maria e José chegando a Belém. Não encontrando lugar para eles na estalagem, o casal foi para um estábulo, onde o menino Jesus nasceu, sendo colocado numa manjedoura. No decorrer da história, as crianças (e as funcionárias do orfanato!) ficavam maravilhadas com o que ouviam. Algumas sentavam bem na borda de seus banquinhos, como se tentassem engolir cada palavra. Ao concluir o relato do verdadeiro Natal, entregamos às crianças três pequenos pedaços de papelão. Cada criança recebeu também um pequeno quadrado de papel amarelo. Seguindo nossas instruções, as crianças cortaram o papel e, cuidadosamente, colocaram tiras na manjedoura para simular a palha. Pequenos quadrados de flanela foram usados como os cobertores do nenê. Um bonequinho de feltro marrom tinha de ser recortado por cada aluno. Os órfãos estavam ocupados montando sua manjedoura, enquanto eu caminhava entre eles para ver se precisavam de alguma ajuda. Tudo corria bem, até que me aproximei da carteira em que o pequeno Misha estava. Ele parecia ter cerca de seis anos de idade e já havia concluído seu trabalho. Quando olhei para a manjedoura construída pelo menininho, não pude conter minha surpresa ao ver não apenas um, mas dois nenês na manjedoura. Rapidamente, pedi ao tradutor que perguntasse ao garoto por que havia dois garotos na manjedoura. Cruzando seus braços e observando o cenário que havia construído, Misha, muito sério, começou a repetir a história. Para uma criança tão nova, que tinha acabado de ouvir o relato pela primeira vez, ele contou a história com exatidão espantosa. Até a parte em que Maria põe o menino Jesus na manjedoura. Nesse ponto, Misha começou a recriar. Ele inventou seu próprio final para a história: - E quando Maria colocou o menino na manjedoura, Jesus olhou para mim e me perguntou se eu tinha algum lugar para onde ir. Eu lhe disse não tinha mamãe nem papai, e assim não tinha nenhum lugar para onde ir. Então, Jesus me disse que eu poderia ficar com Ele. Mas eu lhe disse que não poderia, pois não tinha um presente para lhe dar como todo mundo tinha feito. Mas eu queria tanto ficar com Jesus! Então pensei no que eu tinha, que talvez pudesse usar como presente. Pensei que talvez se eu pudesse manter Jesus quentinho, isto seria um bom presente. Daí perguntei-lhe: "Se eu puder conservá-lo quentinho, será um presente bom o suficiente?" E Jesus me disse: "Se você me mantiver quente, será o melhor presente de todos". Então, eu entrei na manjedoura, Jesus olhou para mim e me disse que eu poderia ficar com Ele para sempre. Quando Misha terminou a sua história, seus olhos estavam cheios de lágrimas, que se derramavam por seu rostinho. Colocando as mãos no rosto, ele inclinou a cabeça sobre a mesa e seus ombros chacoalhavam enquanto ele soluçava. O pequeno órfão tinha encontrado alguém que nunca o abandonaria, nunca abusaria dele. Neste Natal, vamos orar pelas crianças que nunca ouviram a maravilhosa história do nascimento de Jesus, por viverem em países onde não há liberdade religiosa. Vamos ainda orar ao Senhor pela liberdade que temos e aproveitar mais este Natal para anunciar a graciosa salvação através do bendito Filho de Deus.
Por: Mathilde RabitzschOs
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